STF ouve novos depoimentos de testemunhas que foram indicadas pelas defesas dos acusados de tentativa de golpe de Estado
23/05/2025
(Foto: Reprodução) Ministro Alexandre de Moraes discutiu com Aldo Rebelo durante a audiência: 'Se o senhor não se comportar, vai ser preso por desacato'. Testemunhas indicadas pelas defesas de acusados de tentativa de golpe prestam depoimento
A Primeira Turma do STF ouviu novos depoimentos de testemunhas que foram indicadas pelas defesas dos acusados de tentativa de golpe de Estado.
O STF não permitiu a gravação dos depoimentos, mas os jornalistas puderam acompanhar e anotar tudo. A audiência começou com o ex-delegado Carlos Afonso Coelho, testemunha de defesa do ex-diretor-geral da Abin e deputado, Alexandre Ramagem, do PL. A Procuradoria-Geral da República afirmou que o grupo criminoso usou a estrutura de inteligência do Estado, inclusive a Abin, para atacar opositores.
Carlos Coelho foi diretor da Abin na gestão de Ramagem e também é investigado no inquérito da “Abin paralela” - um esquema ilegal de espionagem de autoridades. No depoimento, Carlos Coelho afirmou que o uso do software First Mile, que teria monitorado ilegalmente autoridades, gerou disputas internas na Abin, e que Ramagem concordou que a corregedoria da agência analisasse o caso.
Em seguida, foi a vez de uma das testemunhas chamadas pelos advogados do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa do ex-presidente Jair Bolsonaro, derrotada em 2022. O coronel Waldo de Oliveira Aires disse que, no dia dos ataques, Braga Netto estava no Rio de Janeiro e foi avisado por um telefonema. Ele afirmou:
“Nós temos o costume de jogar voleibol em uma rede do Posto 6 de Copacabana, que é vulgarmente chamada de rede do Forte. E o general Braga Netto, sempre que estava no Rio de Janeiro, ele comparecia à rede. Normalmente, chegávamos por volta das 9h e permanecíamos, em geral, até 12h. E no dia 8 de janeiro, estávamos na rede, jogando vôlei. A reação do general Braga Netto foi de surpresa. Jamais se esperava que uma manifestação conservadora terminasse da forma que terminou”.
À tarde, o primeiro a prestar depoimento foi o senador Hamilton Mourão, do Republicanos, que era o vice-presidente de Bolsonaro. Ele foi escolhido pelos advogados de Bolsonaro, dos ex-ministros da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto, e do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno.
Mourão disse que nunca participou de reuniões nem conversou com integrantes do então governo sobre o plano ou a minuta do golpe. Também falou que Bolsonaro jamais insinuou que poderia tomar medidas extremas, como estado de defesa ou sítio. Mourão afirmou:
“Em nenhum momento eu fui apresentado a alguma minuta que seja de alguma medida de exceção. Eu não estive presente em nenhuma reunião dessa natureza”.
O procurador-geral da República lembrou que, na delação, o tenente-coronel Mauro Cid confirmou que houve a reunião e perguntou:
“O tenente-coronel Cid, pelo que o senhor disse, é um mentiroso?”, perguntou Paulo Gonet.
“Não. Não posso dizer que Cid é mentiroso. Até porque não tive acesso a isso que ele disse”, respondeu Mourão.
STF ouve novos depoimentos de testemunhas que foram indicadas pelas defesas dos acusados de tentativa de golpe de Estado
Jornal Nacional/ Reprodução
A defesa do ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, chamou o atual comandante, Marcos Olsen, como testemunha. De acordo com a PGR, Almir Garnier teria colocado as tropas à disposição do então presidente Jair Bolsonaro. O tenente-brigadeiro Baptista Júnior confirmou a informação no depoimento de quarta-feira (21).
O advogado de Garnier, Demóstenes Torres, perguntou a Olsen, que, em 2022, era o comandante de operações navais:
“O senhor recebeu ordens do almirante Garnier para empregar tropas e outros ativos da Marinha a fim de impedir a posse do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou para dar um golpe de Estado?”.
“Não recebi qualquer informação nesse sentido”, respondeu almirante Marcos Olsen, comandante da Marinha.
Olsen também falou sobre a decisão de Garnier de não participar da cerimônia de transmissão de cargos. Ele afirmou que o ex-comandante da Marinha quebrou uma tradição e que não tem informação de ausências em outras ocasiões.
O último a prestar depoimento foi o ex-ministro da Defesa e ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo. Ele também foi escolhido pelos advogados de Almir Garnier. E também foi questionado sobre a acusação de que o então comandante da Marinha disse que colocaria as tropas à disposição de Bolsonaro. O advogado de Garnier quis saber se um comandante pode tomar a decisão de mobilizar efetivos por decisão unilateral. Aldo Rebelo respondeu:
“É preciso levar em conta que, na língua portuguesa, nós conhecemos aquilo que se usa muitas vezes, que é a força da expressão. A força da expressão nunca pode ser tomada literalmente. Quando alguém diz que está frito, não significa que esteja dentro de uma frigideira. Quando diz que está apertado, não significa que esteja submetido a algum tipo de pressão literal. Quando alguém diz ‘estou à disposição’, a expressão não precisa ser lida literalmente”.
Ministro Alexandre de Moraes discutiu com Aldo Rebelo durante a audiência: 'Se o senhor não se comportar, vai ser preso por desacato'.
Jornal Nacional/ Reprodução
Nesse momento, foi repreendido pelo ministro Alexandre de Moraes:
“O senhor estava na reunião quando o almirante Garnier falou essa expressão?”.
Rebelo disse: “Não.”
Moraes falou:
“Então, o senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa naquele momento. Atenha-se aos fatos”.
Aldo Rebelo falou:
“Em primeiro lugar, a minha apreciação da língua portuguesa é minha e eu não admito censura na minha apreciação sobre a língua portuguesa”.
Moraes alertou:
“Se o senhor não se comportar, o senhor vai ser preso por desacato”.
Aldo Rebelo falou:
“Estou me comportando”.
Por fim, Aldo Rebelo respondeu à pergunta sobre a convocação unilateral de tropas:
“Não pode, ministro, porque qualquer estrutura de comando dentro das Forças Armadas precisa consultar toda a cadeia relacionada com ela”.
E o depoimento prosseguiu.
Os depoimentos das testemunhas de defesa vão continuar durante toda a semana que vem. São mais de 50 nomes indicados pelos advogados do general Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública; e Jair Bolsonaro — integrantes do chamado núcleo crucial da tentativa de golpe.
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